Nós, comunidade e organizações de movimento social em defesa da
permanência do Quilombo Rio dos Macacos trazemos aqui ao público o nosso
entendimento sobre a reunião realizada no dia 27 de fevereiro de 2012 com a
Secretaria Geral da Presidência da República, representada por Diogo Santana.
Foi afirmado, na referida reunião, pelo Governo Federal que o Quilombo do Rio
do Macaco não seria expulso do seu território. No entanto, na prática a União
Federal, através da Advocacia Geral da União, contrariando o que se comprometeu
com o Quilombo Rio do Macaco, se limitou a fazer um pedido nas ações judiciais
que move contra a comunidade de adiamento da expulsão do Quilombo por mais
cinco meses. Segundo a União esse seria o prazo necessário para garantir uma
retirada pacífica dos quilombolas. Por isso, reafirmamos que o Quilombo Rio do
Macaco e seus apoiadores continuam lutando para garantir o direito de
permanência da mesma em suas terras, pois querem continuar em seu território
tradicional e não vão sair pacificamente. É necessário nos manter em estado de
alerta, articulad@s para que o caso não caia no esquecimento e os poderes
instituídos se sintam a vontade para tomar as terras do quilombo sem
resistência organizada.
.
28 de fevereiro de 2012
O governo federal assegurou (dia 27), em reunião no Quilombo Rio dos
Macacos, na Bahia, que todos os direitos da comunidade serão preservados. Os
moradores do território tiveram também a garantia de que a ordem de
reintegração de posse emitida pela Marinha do Brasil, prevista para ser
cumprida em 04 de março, está suspensa por cinco meses até a conclusão do
Relatório Técnico de Identificação e Delimitação do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra).
23 de fevereiro de 2012
O sol já vai se pondo, e os escravos aproveitam o fim de tarde na
senzala para descansar da jornada extenuante. O trabalho no engenho de cana é
duro. Açoitados, acorrentados, longe da terra natal, separados de suas
famílias, os negros ainda assim jogam capoeira e cultuam seus orixás. Nesse
mesmo dia, houve duas fugas na fazenda: Zé Preto tentou sair por trás das
amendoeiras de baixo. Almeida, o capitão-do-mato, não teve muita dificuldade: o
negro não tinha mais forças, fugiu por desespero. As chibatadas que levou ali
mesmo, no mato, foram suficientes para encerrar seu sofrimento e levá-lo para a
outra vida. Gangá não teve a mesma sorte: foi para o tronco, e deve ficar lá
por dias. Para todo mundo saber o que acontece com escravo fujão. Num lugar não
muito distante dali, cerca de 300 anos depois, a situação não mudou muito. Para
os moradores do Quilombo Rio dos Macacos, foi como se a escravidão tivesse
acabado e depois voltado. Alguns ainda possuem fotos de seus bisavós vestidos
com trapos trabalhando na fazenda. Os mais idosos se lembram do jongo, da
capoeira e do samba-de-roda na comunidade. Da época em que eram felizes, na sua
roça, com seu pescado, sua dança e sua religião. Há cerca de 30 anos, voltaram
a ser cativos.
Publicado por: camila em Notícias. Tags bahia - racismo ambiental - destaquenoticias - quilombo dos macacos.
3 de novembro de 2011
O GT Combate ao Racismo Ambiental e todas as entidades e pessoas que vêm
acompanhando e apoiando, com suas assinaturas, adesões e divulgação, a situação
da comunidade Quilombola de Rio dos Macacos têm motivo para comemorar: mais uma
etapa da batalha foi vencida e temos, agora, um prazo para garantir às famílias
todos os seus direitos. A “ordem de despejo” concedida dia 20 pela juiz Evandro
Reimão dos Reis contra a Comunidade foi adiada por quatro meses, tempo
necessário para que os órgãos públicos envolvidos nas diversas etapas de
demarcação e titulação façam seu trabalho. O auto-reconhecimento da comunidade
pela Palmares foi publicado no DOU do dia 4 de outubro; cabe agora ao Incra dar
o próximo passo.
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